Minimalismo em casa: a arte de viver com menos
O minimalismo é já conhecido de todos e tem conquistado muitos adeptos por nos possibilitar canalizar energias para as coisas que realmente importam, de modo a aproveitá-las melhor. Não se trata de ter menos em número, mas de ter apenas os itens que nos trazem efetivamente felicidade, valor acrescentado às nossas vidas e que, acima de tudo, facilitam as rotinas diárias de cada um. Para muitos tornou-se, inclusive, um estilo de vida e, como as casas são o espelho das nossas vidas, esta filosofia pode ser facilmente transportada para o design de interiores, pela elegância e leveza dos ambientes que cria.
Se já lhe aconteceu, de manhã, abrir o roupeiro e não encontrar a peça que queria vestir, perder tempo, irritar-se e inconscientemente ficar frustrado/a porque acaba por vestir outra coisa qualquer, este artigo é para si. É um convite à introspeção para ver o que consegue aplicar de modo a facilitar a sua vida, dentro de portas. É um texto que assenta em três pilares essenciais: minimalismo, organização e destralhe. Vamos a isso?
Comecemos pelas características essenciais do minimalismo:
Qualidade versus quantidade
Estamos habituados a ver o preço dos produtos como fator decisivo no momento da compra, mas já parou para pensar na vida útil do produto que está a levar para casa? É mesmo essencial? Na grande maioria das vezes, é melhor investir em algo que custe um pouco a mais e ter certeza que vai durar vários anos do que comprar algo que vai precisar ser substituído em pouco tempo. Esta é uma atitude inteligente não só do ponto de vista da sustentabilidade como também da economia.
Consumo consciente
Partindo da característica acima, fica entendido que o minimalismo coloca o consumo consciente acima de tudo. Isso significa que todas as compras exigem planeamento e reflexão. Aqui não há lugar para a compra por impulso. Isto não quer dizer que o minimalismo vive de casas vazias e sem personalidade. Não, pelo contrário, o minimalismo vive do essencial e o essencial é pessoal. Não há fórmulas perfeitas porque cada casa é uma casa, cada família tem as suas necessidades e possibilidades. A partir daqui basta ter bom senso e espírito crítico. Veja como um exercício: preciso mesmo deste objeto na minha casa? Qual a função? Qual a utilidade?
Funcionalidade e praticidade
Na lógica minimalista tudo o que existe, está lá para algo. Isso quer dizer que, por exemplo, só vai existir uma mesa de centro se ela for realmente útil; e o mesmo vale para o aparador, o puff bonitinho junto ao sofá, o móvel que serve de bar, e por aí fora. Ou seja, o minimalismo faz-nos pensar sobre a real necessidade de tudo aquilo que temos, de forma crítica e consciente.
A praticidade também é outro ponto importante do minimalismo. Além de ser funcional, o objeto deve trazer praticidade e conforto para o dia a dia. Ponha de parte utensílios e móveis difíceis de serem usados, que nunca estão à mão quando precisa.
Como conseguir uma casa minimalista?
Organização
Uma das primeiras dicas para ter uma casa minimalista é manter a organização e essa organização vai desde os quartos até à cozinha. Sabemos que a despensa, por exemplo, é aquele espaço extra que dá jeito em todas as casas, mas, regra geral, é difícil manter o controlo e ter um compartimento devidamente organizado. A pensar nesta dificuldade comum, escrevemos um artigo no qual reunimos dicas para o ajudar a organizar a despensa da cozinha em três tempos, aceda aqui.
Mantenha os ambientes arrumados, principalmente as superfícies. Não acumule objetos inúteis e faça sempre uma avaliação sobre o que é realmente necessário ter no local. No geral, uma casa limpa e organizada é muito mais prazerosa e esse processo fica mais facilitado quando nos livramos daquilo que não precisamos. Isto leva-nos ao tópico seguinte.
Destralhe
É praticamente impossível falar em minimalismo sem falar em destralhe e desapego. Portanto, esse é o momento de esvaziar os armários, avaliar tudo o que tem e fazer uma separação do que quer manter e do que se quer livrar. Se ajudar, faça uma lista do que precisa ter e guie-se por aí. Neste artigo (clique aqui), em linha com o conceito de minimalismo, abordámos formas de conseguir um armário-cápsula que é, nada mais, nada menos, que uma maneira de conciliar sustentabilidade e funcionalidade no nosso roupeiro, onde nos propomos a um estilo de vida mais económico e eco friendly. Se não sabe por onde começar, sugerimos que vá ‘repescar’ esse conteúdo repleto de dicas práticas de como montar um armário-cápsula. As mesmas dicas podem ser usadas para outros móveis lá de casa, como a zona onde guarda a mercearia, por exemplo. Depois de concluir a tarefa, vai reparar como se sente mais leve e livre.
Funcionalidade
Em consonância com o desapego, comece a olhar para a sua casa na ótica da funcionalidade. Antes de escolher e comprar novos objetos, pergunte-se sobre qual a funcionalidade e, sempre que possível, dê prioridade a objetos com mais de uma função, isto porque – além de economizar espaço – esses objetos trazem mais praticidade para as rotinas do dia a dia. Quer exemplos? Opte por ter um um repousa-pés com espaço para armazenamento, ou um balcão que se estende e se transforma numa mesa, ou uma cama com espaço de arrumação por baixo, e por aí em diante. Pode até pensar na decoração segundo esse prisma, ou seja, na cozinha, por exemplo, em vez de comprar itens decorativos, aproveite os utensílios que já tem para compor a decoração.
Uma divisão de cada vez
Planeie uma divisão de cada vez, tenha presente que fazer mudanças por etapas pode ser muito mais organizado e prático, além de menos cansativo. Não temos de querer ter tudo pronto num dia, até porque a ideia é ser uma mudança estrutural. Se se impuser um calendário que não é realista ou adequado à sua disponibilidade, vai acabar por fazer as coisas à pressa, porque o foco é cumprir o objetivo e não o objetivo em si. Lembre-se que não é uma corrida, é um processo.
Decoração minimalista
O primeiro passo para iniciar a decoração é começar pelo mobiliário: quanto menos peças de mobiliário, melhor. Pense que alguns itens do mobiliário podem ser eliminados sem implicar o conforto. Considere o essencial. Já no que diz respeito às janelas, o ideal será deixar as janelas sem adornos para permitir que a luz natural entre, favorecendo os ambientes. Se a privacidade é um problema, use os materiais de cortina mais finos ou use persianas.
Na sua casa de orientação minimalista, dê preferência a pisos claros, uma vez que pisos com tonalidades mais claras conseguem expandir o ambiente e deixar a casa com uma aparência mais limpa. Nada deve condicionar a passagem no chão; nada deve ficar empilhado, assim como nada deve ser armazenado no chão. Quanto às peças de decoração que temos em casa, muitas delas não têm um significado pessoal. Foram adquiridas porque simplesmente ‘ficavam bem’ ou até porque simplesmente estavam a um bom preço. Segundo este movimento, estas peças estão a tirar o protagonismo às peças que realmente refletem a personalidade e a história dos que lá habitam.
Em suma, o estilo de decoração minimalista é um exercício de contenção, onde o espaço, a iluminação e os objetos desempenham papéis igualmente importantes. Este estilo exige que reduza o mobiliário ao essencial, para que tenha um conjunto de objetos selecionados que ofereçam o máximo de impacto. Não o entenda como um estilo boring, pelo contrário, deve ser visto como ousado, funcional e altamente memorável. Uma decoração bem planeada vive de um interior simples, porém sofisticado.
Minimizar, organizar e arrumar
No fundo e de modo a simplificar, a ordem a considerar é esta. Primeiro, deve selecionar o que realmente lhe faz falta (física e emocionalmente), depois deve arranjar as fórmulas que forem mais funcionais para o seu dia a dia e, por fim, arrumar, no sentido de manter a ordem estabelecida.
O minimalismo não é, pois, uma moda nova – já falámos sobre este movimento na decoração aqui e aqui – e há muita literatura, muitos vídeos e podcasts que nos inspiram e dão algumas ferramentas. Cuide e valorize aquilo que tem, não compre só por comprar, organize e limpe a sua casa com consciência. Essa é a essência de uma casa minimalista e o começo de uma vida mais leve e livre!