Decoração

Decoração: 4 modos de vida aplicados à casa

É na nossa casa que aproveitamos as manhãs preguiçosas de domingo, os jantares tardios de sábado, os almoços com a família, enfim, um sem fim de episódios marcantes. Grande parte da nossa vida acontece dentro de portas, seja em momentos a sós, com amigos ou familiares… O modo como os vivemos tem um grande impacto na nossa vida e, portanto, também a decoração pode contribuir para essa felicidade. Abaixo vamos descrever algumas das filosofias de vida que são possíveis de aplicar à decoração do nosso lar. Descobre aquela com a qual mais te identificas e experimenta colocar em prática de forma a poderes renovar as energias do teu espaço. 

Lagom

Provém do estilo de vida dos suecos, para quem a virtude está no meio, e é considerado o segredo para uma rotina digna de contagiar até o mais carrancudo; um conceito que prega a necessidade de trazer mais equilíbrio para as nossas vidas.

Nas palavras de Lola Åkerström, autora do livro Lagom — O Segredo Sueco para Viver Bem, Lagom é a “própria essência do que significa ser-se sueco e viver como um sueco”. A palavra significa “nem demais, nem de menos”, ou seja, a quantidade certa. Lagom é, por isso, uma forma de viver que privilegia a harmonia, o equilíbrio, a moderação, a satisfação e até a sustentabilidade. Sensatez é a palavra de ordem!

Como aplicar o conceito Lagom em casa?

Sendo a filosofia de querer a quantidade certa de tudo, nem mais nem menos, nem muito nem pouco, apenas o suficiente, uma das principais regras é a poupança, sendo que devemos fugir ao desperdício. Nesta ordem de ideias, há que haver ponderação no momento de compra, não devemos ir às compras sem que haja uma real necessidade. Um dos segredos para decorar mediante o Lagom é pensar na funcionalidade dos objetos e até dos móveis que também se querem úteis e funcionais e, neste campo, as mobílias vintage assumem um papel de destaque. A luz natural nos ambientes é outro traço importante de uma decoração Lagom e aqui os cortinados claros revelam-se uma excelente aposta. Quanto aos materiais, devemos privilegiar os que nos conectam com a natureza como a lã, a madeira, o algodão. Tudo com equilíbrio!

Hygge

Também do lado nórdico, chega-nos o Hygge, um conceito dinamarquês que não é de fácil tradução mas que nos aponta para a ideia de bem estar, estar numa situação em que te sentes confortável, relaxado e livre. A verdade é que o Hygge pode produzir-se em qualquer sítio: um churrasco ao ar livre no verão, um passeio pelo parque, beber um chá em silêncio no nosso sofá, acender a lareira numa noite fria de inverno, reunir os amigos à volta da mesa… Tudo o que provoca a sensação de bem estar e conforto é chamado de Hygge!

Como aplicar o conceito Hygge em casa?

Primeiro de tudo, cuidar da iluminação para que seja acolhedora. Depois há pequenos toques que podemos dar em casa que se coadunam com esta filosofia que, no fundo, resultam em ambientes hospitaleiros e agradáveis, como colocar uma boa música de fundo e acender umas velas, por umas flores frescas sobre uma mesa de madeira, uma toalha bem colocada, enfim, pequenos gestos capazes de provocar um prazer simples. Se a ideia é receber pessoas em casa e proporcionar uma boa refeição, nada melhor que preparar comfort food, um dos grandes prazeres de quem vive de forma Hygge.

No que à decoração diz respeito, mais vale poucos mas excelentes artigos, preferencialmente os que tenham uma boa história por trás ou valor sentimental. Jogar xadrez num tabuleiro herdado do avô tem outro valor, não tem? O mesmo se aplica a uma moldura cuja fotografia foi tirada por nós numa viagem memorável, e por aí fora. 

Outro tópico importante a considerar num estilo de vida Hygge é conseguires ter tempo de qualidade para ti, seja a ler um bom livro ou a relaxar em longos banhos. Para ser Hygge podes, por exemplo, incluir velas na casa de banho ou investir numa biblioteca em casa, em que tenhas um bom cadeirão para te sentares e relaxar.

Wabi-Sabi

Passando para outro continente, encontramos a filosofia Wabi-Sabi que remonta ao Japão do século XV e que nos leva a valorizar a beleza das coisas imperfeitas. A essência do Wabi-sabi está presente em várias artes nipónicas como o ikebana (tipo de arranjo floral japonês), o jardim zen, o bonsai, a cerâmica e a cerimónia do chá. O que está em questão é o processo, não o produto final.

Esta apreciação da genuinidade e da simplicidade é representada nos dias de hoje através de uma estética que valoriza o rústico, o imperfeito, o monocromático e o aspeto natural. 

Como aplicar o conceito Wabi-Sabi em casa?

A ideia aqui é decorar o nosso lar recorrendo a objetos simples e robustos, onde se valorize a imperfeição. Exemplos disso são uma mesa de madeira maciça com pouco acabamento, flores secas reaproveitadas em novos arranjos simples e despretensiosos, uma tábua de cortar alimentos que vai adquirindo talhos mais profundos com o uso. No fundo, objetos que conservam as marcas do tempo e, à sua maneira, contam histórias. Quanto aos revestimentos, paredes grossas e ambientes com toques texturizados são valorizados, por isso é uma boa ideia apostar em paredes de tijolos expostos ou num chão industrial, de concreto inacabado. Se tiveres um jardim, sugerimos que dês uso a pedras de diferentes tamanhos e correntes de água.

Minimalismo

A ideia de que “menos é mais ” e que resume o minimalismo é uma das filosofias de vida aplicada à casa que mais tem conquistado seguidores. Não se trata de ter menos em número, mas de ter apenas os itens que nos trazem efetivamente felicidade, valor acrescentado às nossas vidas e que, acima de tudo, facilitam as rotinas diárias de cada um. Para muitos tornou-se, inclusive, um estilo de vida e, como as casas são o espelho das nossas vidas, esta filosofia pode ser facilmente transportada para o design de interiores, pela elegância e leveza dos ambientes que cria.

Como decorar segundo a filosofia minimalista?

O minimalismo coloca o consumo consciente acima de tudo. Isso significa que todas as compras exigem planeamento e reflexão. Aqui não há lugar para a compra por impulso. Isto não quer dizer que o minimalismo vive de casas vazias e sem personalidade. Não, pelo contrário, o minimalismo vive do essencial e o essencial é pessoal. Na lógica minimalista tudo o que existe, está lá para algo. Isso quer dizer que, por exemplo, só vai existir uma mesa de centro se ela for realmente útil; e o mesmo vale para o aparador, o puff bonitinho junto ao sofá, o móvel que serve de bar, e por aí fora. Ou seja, o minimalismo faz-nos pensar sobre a real necessidade de tudo aquilo que temos, de forma crítica e consciente. A praticidade também é outro ponto importante do minimalismo. Além de ser funcional, o objeto deve trazer praticidade e conforto para o dia a dia. Põe de parte utensílios e móveis difíceis de serem usados, que nunca estão à mão quando precisas. 

Em casas de orientação minimalista, devemos dar preferência a pisos claros, uma vez que pisos com tonalidades mais claras conseguem expandir o ambiente e deixar a casa com uma aparência mais limpa. Nada deve condicionar a passagem no chão; nada deve ficar empilhado, assim como nada deve ser armazenado no chão. Quanto às peças de decoração que temos em casa, muitas delas não têm um significado pessoal. Foram adquiridas porque simplesmente ‘ficavam bem’ ou até porque simplesmente estavam a um bom preço. Segundo este movimento, estas peças estão a tirar o protagonismo às peças que realmente refletem a personalidade e a história dos que lá habitam. Portanto, devemos focar-nos em ter poucos itens, mas de excelente qualidade, que sejam capazes de decorar de forma orgânica espaços elegantes, completos e repletos de significados.

Em suma, o estilo de decoração minimalista é um exercício de contenção, onde o espaço, a iluminação e os objetos desempenham papéis igualmente importantes. Este estilo exige que reduzas o mobiliário ao essencial, para que tenhas um conjunto de objetos selecionados que ofereçam o máximo de impacto. Não o entendas como um estilo boring, pelo contrário, deve ser visto como ousado, funcional e altamente memorável. Uma decoração bem planeada vive de um interior simples, porém sofisticado.

Em suma, também as atitudes perante a vida podem ser aplicadas à decoração, de forma a mudar o espírito e a cara do nosso lar. Já pensaste que talvez o segredo da felicidade possa estar, também, na forma como vivemos a nossa casa? Com qual destas filosofias mais te identificas?

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